Comprei: A Câmera de Pandora - Joan Fontcuberta

  Faz um tempo que eu estava procurando um bom livro sobre fotografia para mostrar pra vocês aqui, e alguns dias atrás, enquanto passeava pela Paulista, pensei em parar na livraria pra olhar alguns livros.

E foi lá que achei "A Câmera de Pandora", escrita pelo fotógrafo espanhol Joan Fontcuberta, que escreveu Sputnik e Fauna. Livros que moldam a cena artísticas, tanto no design quanto na fotografia até hoje.

"A Câmera de Pandora", é uma coleção de textos e passagens, que mostram uma visão um pouco diferente (E muito interessante) sobre o processo de transição da fotografia analógica para a tecnologia digital: As famosas DSLRs.

Joan, passa por todos os períodos históricos onde a circulação de informação visual estava presente. Desde quando a fotografia necessitava muitos equipamentos, horas de trabalho, e geralmente um resultado não muito bom, até hoje, onde a fotografia digital simplifica e automatiza tudo. Deixando tudo mais fácil. E claro, deixando claro o fato de que hoje é impossível evitar o contato com informação visual em qualquer lugar.

Segundo o escritor: “A história da fotografia pode ser entendida como o percurso que vai do objeto à informação, ou seja, como um processo de desmaterialização crescente dos suportes. O daguerreotipo como ponto de partida das imagens produzidas por uma câmera era tanto uma imagem fixada em uma chapa quanto uma chapa que continha uma imagem: seu luxo material era inevitável. Do ostensivo e pesado daguerreotipo à suave abstração de um ordenamento de algoritmos, as fotos foram metal, vidro, papel, filme e finalmente presença volátil no ciberespaço.”



Então, Fontcuberta passa a mostrar evidências de que ainda estamos num período de experimentação do novo. Deixa claro que a fotografia perdeu o sentido clássico, de registrar momentos importantes, para uma banalidade já conhecida por nós. Hoje em dia, qualquer um tem um smartphone com milhões de megapixels e então já pode ser um pouco fotógrafo.






Sobre isso, Fontcuberta diz: “Alguns fotógrafos elogiam a técnica digital porque com ela seu trabalho não depende da sorte, Mas podemos refutar esse argumento: o inconsciente do olhar que surrealistas tanto valoraram na câmera fica desativado pelo excesso de controle e de racionalidade. Toda inovação nos obriga a discernir entre perdas e ganhos. Certamente desejamos que as vantagens superem com folga os inconvenientes, mas, como elas aparecem imediatamente como promessas de felicidade, só o sedimento da experiência desvelará quais são os efeitos colaterais e a que nos obrigou a renunciar.”

O livro é lindo. Capa dura, impressão impecável e um conteúdo que bem... Dispensa comentários. Vale muito a pena ler. E refletir, sobre a humanização da fotografia, porque por mais que a sua câmera seja uma máquina, você não pensa como uma. Lembre-se que sua criatividade não depende de sorte, mas de competência. E a fotografia digital, não lhe dá isso.